segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Fernandeando

Quem me conhece há muuuuuuuito tempo sabe de onde vem a minha paixão de todo o sempre pelo Fernando Pessoa. Estava arrumando os meus livros e encontrei o meu preferido: Livro do Desassossego, que muitos chamam de autobiografia e foi escrito por um de seus heterônimos chamado Bernardo Soares. Dentre todos que já li do Pessoa, esse é o que me surpreende cada vez que abro em uma página: é um desassossego mesmo ficar refletindo o que ele escreveu. E o trecho que deixo pra vocês é o seguinte:

"Mais nada...Um pouco de sol, um pouco de brisa, umas árvores que emolduram a distância, o desejo de ser feliz, a mágoa de os dias passarem, a ciência sempre incerta e a verdade sempre por descobrir...Mais nada, mais nada...Sim, mais nada..."


Seven Days a Week

Que tal um guarda-roupa semanal digno de Oscar? Foi assim que Anne Hathaway trocou de roupa como quem troca de roupa na noite de ontem:


Básica!

domingo, 27 de fevereiro de 2011

And the Oscar goes to...

A interessante cerimônia do Oscar, produto da indústria cinematográfica americana, tem para mim seu auge antes de começar: o desfile das celebridades no tapete vermelho. É o momento em que se vêem os vestidos "escolhidos" por cada celebridade para o evento e o que ditará moda nas festas pelo mundo. "Escolhidos" porque há uma disputa acirrada entre os estilistas que oferecem às estrelas alguns modelos em troca de algumas aparições marcantes. Whatever, depois de passar a tarde toda, humildemente, costurando minhas próprias fantasias para o carnaval estou aqui pensando que nenhum Joãozinho Trinta não me liga pra oferecer uma pena de faizão!
E quem disse que preciso dele pra me fantasiar? Rs. Abaixo, minha foto de Amy Winehouse no aniversário da Raíssa com todaaaaaaa minha produção e ajuda da Sarah pra fazer uma tattoo:
E que venha Olinda!

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Sexta - Friday - Viernes

E viva o melhor dia da semana!
Como amo a sexta-feira!
O post hoje vai ser rápido porque tenho que me transformar em Amy para o aniversário da Raíssa. Prometo colocar fotos!
Ansiosa também com o casamento da minha amiga Mirella amanhã. Espero que não chova como hoje.
Bjos a todos e um ótimo fim de semana!

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

O Calango Carteiro

Poucas coisas me alegram tanto como receber cartas! Sim, esse velho hábito faz com que eu abra um sorriso largo sempre que algo endereçado a minha pessoa chega: postais, convites de casamento, cartões de aniversário e cartinhas. Menos as contas, é claro.
Contudo, um dia desses a surpresa que tive não foi tão agradável assim. Digamos que a entrega da correspondência foi interceptada por um bichinho meio metido que fez da caixa de correio sua moradia. Depois de pegar todas as cartas visíveis, passei a mão pra checar se tinha algo a mais e não é que dei uma bela acariciada num calango? Ecaaaaaaaaaa! Méldels! Passei bem meia hora sacudindo a mão e pulando no jardim.  Ele agora mora lá e ontem mesmo trocamos um amistoso olhar, mas sem tantos carinhos. É inofensivo, porém, fofoqueiro. Lê tudo que chega. Fico imaginando ele soletrando meu nome... Devia pelo menos pagar as minhas contas em troca da hospedagem na caixinha do correio.

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

A Origem

Não é o Volverine, mas tem sua origem. Assim é meu blog.
Depois de dias, meses e anos pensando em criar uma página para escrever sobre assuntos que me interessam, aqui estou para minha alegria! E alegria de quem quiser ler também!
Certamente, a primeira pergunta que me farão será: o que é "Sfot Poc"?
"Sfot Poc" é uma expressão muito bem criada (creio eu) por Luís Fernando Veríssimo na crônica homônima em seu livro O Analista de Bagé. Enquanto as crianças da minha idade liam revistas em quadrinhos, contos de fadas, eu lia este livro. Pois sim, desde que li "Sfot Poc" sempre soube que algum dia eu criaria algo com esse nome: uma loja, uma marca, uma receita, um desenho e agora sei que essa expressão, assim como no livro, é a descrição de entusiasmo e uma fantástica forma de comunicação presente há tempos em minha vida.
Não consigo definir este blog como um tipo de blog de literatura, moda, fotografia... É um blog de coisas que eu gosto. Ou não. E essas tantas coisas estarão por aqui.
Bom, minha primeira contribuição cultural será com o texto que me inspirou:

Sfot Poc - Luis Fernando Veríssimo

"Chamava-se Odacir e desde pequeno, desde que começara a falar, demonstrara uma estranha peculiaridade. Odacir falava como se escreve. Sua primeira palavra não foi apenas "Gugu". Foi:
- Gu, hífen, gu...
Os pais se entreolharam, atônitos. O menino era um fenômeno. O pediatra não pôde explicar o que era aquilo. Apenas levantou uma dúvida.
- Não tenho certeza que "gugu" se escreve com hífen. Acho que é uma palavra só, como todas as expressões desse tipo. "Dadá", etc.
- Da, hífen, dá - disse o bebê, como que para liquidar com todas as dúvidas.
Um dia, a mão veio correndo. Ouvira, do berço, o Odacir chamando:
- Mama sfot poc.
E, quando ela chegou perto:
- Mama sfotoim poc.
Só depois de muito tempo os pais se deram conta. "Sfot Poc" era ponto de exclamação e "sfotoim poc", ponto de interrogação.
Na escola, tentaram corrigir o menino.
- Odacir !
- Presente sfot poc.
- Vá para a sala da diretora!
- Mas o que foi que eu fiz sfotoim poc.
Com o tempo e as leituras, Odacir foi enriquecendo seu repertório de sons. Quando citava um trecho literário, começava e terminava a citaçao com "spt, spt". Eram as aspas. Aliás, não dizia nada sem antes prefaciar um "zit". Era o travessão. Foi para a sua primeira namorada que ele disse certa vez, maravilhado com a própria descoberta:
- Zit Marilda plic (vírgula) você já se deu conta que a gente sempre fala diálogo sfotoim poc.
- O quê?
- Zit nós sfot poc. Tudo que a gente diz é diálogo sfot poc.
- Olhe, Odacir. Você tem que parar de falar desse jeito. Eu gosto de você, mas o pessoal fala que você é meio biruta.
- Zit spt spt biruta spt spt sfotoim poc.
- Viu só? Você não pára de fazer esse ruídos. E ainda por cima, quando diz "sfotoim", cospe no meu olho.
O namoro acabou. Odacir aceitou o fato filosoficamente, aproveitando para citar o poeta.
- Zit spt spt. Que seja eterno enquanto dure poc poc poc spt spt.
Poc poc poc eram as reticências.
Odacir era fascinado por palavras. Tornou-se o orador da turma e até hoje o seu discurso de formatura (em Letras) é lembrado na faculdade. Como os colegas conheciam os hábitos de Odacir mas os pais e os convidados não, cada novo som do Odacir era interpretado, aos cochichos, na platéia:
- Zit meus senhores e minhas senhoras poc poc.
- Poc, poc?
- Dois pontos.
- Que rapaz estranho...
- A senhora ainda não viu nada...
Quando lia um texto mais extenso, Odacir acompanhava a leitura com o corpo. As pessoas viam, literalmente, o Odacir mudar de parágrafo.
- Mas ele parece que está diminuindo de tamanho!
- Não, não. É que a cada novo parágrafo ele se abaixa um pouco.
Quando chegava ao fim de uma folha, Odacir estava quase no chão. Levantava-se para começar a ler a folha seguinte.
- Colegas sfot poc Mestres sfot poc Pais sfot poc. No limiar de uma era de grandes transformações sociais plic o que nós plic formando em Letras plic podemos oferecer ao mundo sfotoim poc.
A grande realização de Odacir foi o trema. Para interpretar o trema, Odacir não queria usar poc, poc, que podia ser confundido com dois pontos. Poc plic era ponto e vírgula. Um spt só era apóstrofe. Como seria trema? Odacir inventou um estalo de língua, algo como tlc, tlc. Difícil de fazer e até perigoso. Ainda bem que tinha poucas oportunidades de usar o trema.

Odacir, apesar de formado em Letras, acabou indo trabalhar no escritório de contabilidade do pai. Levava uma vida normal. Lia muito e sua conversa era entrecortada de spt, spts, citações dos seus autores favoritos. Mesmo assim casou - na cerimônia, quando Odacir disse "Aceito sfot poc", o padre foi visto discretamente enxugando um olho - e teve um filho. E qual não foi o seu horror ao ouvir o primeiro som produzido pelo recém-nascido:
- Zzzwwwwuauwwwuauzzz!
- Zit o que é isso sfotoim e sfot poc?
- Parece - disse a mulher, atônita - o som de uma guitarra elétrica.
O filho de Odacir, desde o berço, fazia a sua própria trilha sonora. Para a tristeza do pai, produzia até efeitos especiais, como câmara de eco. Cresceu sem dizer uma palavra. Até hoje anda por dentro de casa reverberando como um sintetizador eletrônico. É normal e feliz, mas o único som mais ou menos inteligível - pelo menos para seus pais - que faz é "tump tump", imitando o contrabaixo elétrico.
- Zit meu filho poc poc poc. Meu próprio filho poc poc poc. - diz Odacir.
Poc, poc, poc. "